domingo, 19 de julho de 2009

Prestígio reconhecido no regresso à família do futebol

Manuel Barata recebeu o galardão mais importante da Gala do Futebol, que premiou atletas, técnicos e dirigentes.
Manuel Barata voltou à família do futebol para receber o Troféu Prestígio da primeira Gala de Futebol do Distrito de Castelo Branco. O empresário natural de Castelo Branco foi galardoado no último sábado com o troféu mais significativo da festa organizada pela Associação de Futebol de Castelo Branco (AFCB) “por toda uma carreira, toda uma vida, de dedicação ao futebol do distrito com particular incidência no seio do organismo máximo do distrito”, referiu o presidente da associação, Carlos Almeida, na apresentação do prémio.
O vencedor deste troféu é escolhido pela direcção da AFCB, depois das sugestões feitas por um júri. A distinção surpreendeu-o por estar “há tantos anos afastado desta família do futebol”, referiu o homenageado na hora de receber o prémio.
“Eu sinto que fiz alguma coisa e por vezes com muito sacrifício, com muitas dificuldades, porque não era fácil naquele tempo” referiu já no final da cerimónia, em declarações ao Reconquista. O empresário nascido em Castelo Branco sente-se realizado com a dedicação à actividade empresarial, mas confessa sentir falta da ligação ao desporto. O regresso é assim uma possibilidade e até já houve oportunidades para o fazer num passado recente. Mas para já depende da actividade profissional.
“Vivi sempre com essa mágoa, de me ter afastado muito cedo do desporto”, referiu.
Manuel Barata foi dirigente do Benfica e Castelo Branco e presidente da Junta de Freguesia de Castelo Branco no inicio da década de 1980.
O Troféu Prestígio foi o culminar de uma cerimónia que aconteceu na Herdade do Regato em Póvoa de Rio de Moinhos, onde estiveram presentes figuras do desporto de toda a região e não só. O momento foi ainda aproveitado para a entrega das taças das várias competições organizadas pela AFCB.
Para o presidente da associação, a gala é um estímulo “a uma cultura baseada no mérito”, culminando uma época que também foi de apostas para a própria entidade.
“É com uma ponta de orgulho que digo que fomos e vamos continuar a ser pioneiros em alguns campos”, referiu Carlos Almeida, que apontou como exemplo a associação da principal competição do futebol distrital a uma marca, criando assim a Liga Piornos.
Na próxima época avançam as cadernetas de cromos para todas as competições, como o Reconquista já tinha noticiado. O trabalho desenvolvido pela AFCB foi elogiado por Sérgio Luz, que representou a Federação Portuguesa de Futebol na gala.
Além do Troféu Prestígio foram distribuídos 11 prémios em várias categorias (ver lista de vencedores) com algumas a serem comuns ao futebol e ao futsal. Facto que mereceu o reparo de José Luís Mendes, vencedor do troféu de melhor treinador futsal sénior pela Associação Desportiva do Fundão, que sugeriu a distinção entre as duas modalidades na atribuição dos prémios.
Lista de vencedores:
ÁRBITRO: Gonçalo Carreira
TREINADOR DE FUTEBOL E FUTSAL DE FORMAÇÃO: Francisco Lopes/ Desportivo de Castelo Branco
TREINADOR FUTSAL SÉNIOR: José Luís Mendes/ Associação Desportiva do Fundão
ATLETA SÉNIOR FUTSAL: Flávio Fonseca (Cadete)/ Casa do Benfica de Penamacor
ATLETA SÉNIOR FUTSAL CAMPEONATOS NACIONAIS: Vinicius Machado/ Associação Desportiva Fundão
ATLETA FEMININO FUTSAL: Rute Duarte/ Associação Desportiva do Fundão
TREINADOR FUTEBOL SÉNIOR: Eduardo Húngaro/ Sertanense
ATLETA FORMAÇÃO FUTEBOL E FUTSAL: Daniel Sousa/ Retaxo
ATLETA SÉNIOR FUTEBOL CAMPEONATO DISTRITAL: Nuno Alves/ Proença-a-Nova
ATLETA SÉNIOR FUTEBOL CAMPEONATOS NACIONAIS: Edgar Sá/ Sporting Covilhã
DIRIGENTE: José Mendes/ Sporting Covilhã
TROFÉU PRESTÍGIO: Manuel Barata
Por:
José Furtado

Fonte: http://www.reconquista.pt/noticia.asp?idEdicao=185&id=14686&idSeccao=1909&Action=noticia

Os maneios: ervagens e gados

Em artigo anterior, afirmámos que, na segunda metade do século XVIII, o povo da Póvoa continuava a dispor de terrenos baldios onde apascentar os seus gados, apesar do crescente individualismo agrário.
A documentação que consultámos, autos de arrematações (1) e autos de vereações camarárias (2), permite-nos identificar, na Póvoa, as seguintes ervagens: Boqueirões, ervagem da Abelheira, Coutada, ervagem da Lameira do Salgueiro, Navedeguas (Nave de Éguas, actualmente chamada Navedegas), ervagem das Regateiras, ervagem do Tiracalça, ervagem do Vale do Coelheiro, ervagem do Vale da Vinha e ervagem das Várzeas, entre outras.
A arrematação das ervagens era uma importante fonte de receitas. Em Agosto de 1776, a Câmara arrematou um bocado da Coutada, o couto da Fonte Ferreira, para pagar as ordinárias, imposto que o concelho tinha de pagar anualmente. A pastagem foi vendida para o período de S. Miguel até 12 de Março do ano seguinte.
No ano de 1768, em Abril, foram vendidas as pastagens das ervagens da Abelheira, das Regateiras e das Várzeas. No ano seguinte, as da Abelheira, das Regateiras, do Vale do Coelheiro e do Vale da Vinha. Em 1770, sempre na Primavera, arremataram-se as da Lameira do Salgueiro, do Tiracalça e do Vale do Coelheiro.
As informações dos dois parágrafos anteriores permitem-nos tirar algumas conclusões, suportadas ainda pelo que sabemos ter sido prática habitual nas ervagens do vizinho concelho de S. Vicente da Beira, nomeadamente na ervagem das Chiolicas.
As ervagens eram semeadas de pão cada três anos, ficando no ano seguinte de restolho e no outro de relva. Tanto os proprietários como os camponeses sem terra, os seareiros, aproveitavam estas terras para produzir centeio. Estes só usufruíam da terra entre a alqueivação e a ceifa. Finda esta, a ervagem voltava à propriedade comum dos vizinhos.
Estes eram livres de apascentar ali os seus gados, mas em algumas, por certos períodos, esse direito era exclusivo de quem arrematasse as pastagens à Câmara. Por exemplo, a ervagens da Abelheira e das Regateiras foram arrematadas, em 1768 e 1769, o que significa que o ano de 1770 foi o da cultivação. Por outro lado, as pastagens das ervagens da Lameira do Salgueiro e do Tiracalça só foram vendidas em 1770, tendo sido alqueivadas num dos anos anteriores e no outro ficaram como pastagens livres para os gados do concelho. Há ainda ervagens que nunca parecem arrematadas, o que significa que eram usadas livremente.
Os criadores de gado que arrematavam as ervagens podiam ser da Póvoa ou de fora. A arrematação era feita na praça e ficava com a ervagem quem desse mais. Além dos criadores da Póvoa, compraram pastagens, nestes três anos referidos, João Duarte Ribeiro do Casal da Serra, mas com raízes em Tinalhas e no Freixial, Manuel Henrique Neto de Tinalhas e Manuel Simão Barrigudo de Alcains.
Por vezes, os criadores associavam-se para comprar e aproveitar a pastagem. Assim aconteceu, em 1769, com a viúva Maria de Sousa que, com mais companheiros, arrematou a ervagem do Vale da Vinha, por sessenta mil e oitocentos réis.
Anualmente, todos os criadores de gado declaravam à Câmara o número de ovelhas que possuíam e a quantidade de lã produzida. Eram os chamados manifestos dos gados, para o conhecimento do «…juízo dos lanifícios da superintendência da vila da Covilhã.»
Neste ano de 1776, havia 10 rebanhos de ovinos na Póvoa, sendo um de dois criadores. O maior rebanho era o de Domingos Martins Cabaços, com 240 animais, e havia dois apenas com 60 ovelhas. Existiam um total de 1.165 ovinos (590 de lã branca e 575 de lã preta), que produziram 59 arrobas de lã branca e 57,5 arrobas de lã preta. Quase toda esta lã era obrigatoriamente vendida à fábrica da Covilhã, ficando cada família apenas com uma quantidade mínima, mas suficiente, para confeccionar a roupa e os agasalhos domésticos.
(1) ADCB, Câmara Municipal da Póvoa de Rio de Moinhos, Vereações, livro 1775-1777, caixa 1.
(2) ADCB, Câmara Municipal da Póvoa de Rio de Moinhos, Arrematações, livro 1767-1772, caixa 2.
José Teodoro Prata

Fonte: http://www.reconquista.pt/noticia.asp?idEdicao=186&id=14897&idSeccao=1925&Action=noticia

A economia local no século XVIII

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Enquanto o trigo e o centeio marcavam presença, com maior ou menor intensidade, um pouco por todo o território que hoje integra o concelho albicastrense, já os milhos (com destaque para o “grosso” ou “maiz”) impunham-se nas freguesias de Castelo Branco, Alcains, Cafede, Escalos de Baixo e de Cima, Louriçal, Póvoa de Rio de Moinhos, Salgueiro, Sobral do Campo, Almaceda e Sarzedas, ou seja, em espaços onde a rede hidrográfica (com as suas margens cultiváveis) mais se adensava.
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