sexta-feira, 11 de setembro de 2009

O Santuário da Senhora da Encarnação

Não investiguei ainda as origens da capela da Senhora da Encarnação. Quem eventualmente conhecer outros elementos sobre ela, agradeço que me faça chegar as respectivas informações.

Hoje gostaria apenas de comentar, as referências que da dita capela constam do livro “Santuário Mariano”. História das imagens milagrosamente aparecidas, que se veneram nos bispados da Guarda, Lamego, Leiria e Portalegre.

É seu autor Frei Agostinho de Santa Maria, nascido em Estremoz, 1642. Professou na Ordem dos Agostinhos Descalços em 1664. Usou no mundo o nome de Manuel Gomes Freire e era filho de António Pereira e Catarina Gomes.

Compôs diversas obras originais, sendo o “Santuário Mariano” uma das mais conhecidas e traduziu outras do latim.

Aqui reuniu um sem fim de notícias sobre o culto de N. Senhora em Portugal, na Índia, em África, Brasil e Filipinas.

As notícias recolhidas neste livro têm muito de fantasioso mas, por outro lado, dão-nos descrições interessantes dos locais a que se referem. Assim acontece no caso da Senhora da Encarnação. Diz a certa altura: “Entre os lugares de Póvoa e Tinalhas, termo da Vila de S.Vicente da Beira, à distância de duas léguas da mesma vila, se vê o Santuário milagroso da Senhora da Encarnação, aonde todos aqueles povos concorrem, com grande devoção e frequência, a venerar uma milagrosa imagem da Mãe de Deus, que com o título deste soberano mistério, é naquela casa referenciado, pelo qual o poder divino obra muitos milagres e maravilhas”.

Acrescenta que fez todas as diligências junto do Pároco, Padre Martinho Gonçalves Torrão, para saber as origens da Imagem, sem que tal tenha acontecido.

Refere ainda que a capela tinha muitos quadros antigos, testemunhando milagres alcançados pelas pessoas que aqui acorriam.

Mais adiante acrescenta: “É esta imagem de roca e vestidos, tem cinco palmos de estatura, o meio corpo é de madeira com braços de engonço e está com as mãos levantadas mas é de grande magestade e soberania e assim infunde não só grande respeito, mas muita vocação.

A ermida, acrescenta ainda, fica situada em um alegre e delicioso lugar, cercado de vinhas e pomares. Tem ermitão que cuida dos asseio e ornato do seu altar e tem casas de romagem onde os devotos da Senhora vão a ter as suas novenas”. Termina dizendo que “são Padroeiros da Casa da Senhora da Encarnação, os moradores do lugar da Póvoa, donde dista pouco mais de dois tiros de mosquete. E eles são os que apresentam o Capelão e o Ermitão.

Festejam a Senhora da Encarnação na segunda oitava da Páscoa da Ressurreição, com missa cantada e sermão e este dia é de muito grande concurso das romagens.

Aqui temos um quadro descritivo do que foi a capela da Senhora da Encarnação e o seu ambiente no tempo de Frei Agostinho de Santa Maria.

Hoje, com o abandono dos campos e das tradições religiosas e populares que acompanhavam o mundo rural, podemos verificar como as coisas estão diferentes.

Restam-nos uma celebração religiosa por alturas da Páscoa e ainda, até há bem pouco tempo, um costume local de “dar as alvíssaras à Senhora” na madrugada da Ressurreição, uma Aleluia bem popular.

Teve esta capela alguma concorrência mais forte nos tempos em que os emigrantes espalhados pela Europa vinham passar à sua Terra Natal, as férias de Verão. Hoje, é num ambiente diferente que se realiza ainda a romagem da Páscoa, seguida da Procissão e merendas debaixo das sobreiras que rodeiam o local.

Nota: Os dados acima referidos constam do livro intitulado “Santuário Mariano” de Frei A. de Santa Maria, Tomo III, pág63-65. Editado em Lisboa em 1711, na oficina de António Pedroso Galrame.

José Antunes Leitão

Fonte: http://www.reconquista.pt/noticia.asp?idEdicao=196&id=16120&idSeccao=2047&Action=noticia

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